segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Crescimento e Inovação: cenário da Indústria da Saúde

O setor de produtos para a saúde vem passando por profundas alterações. De acordo com o pesquisador Carlos Augusto Gadelha, em artigo científico de 2003, a partir da segunda metade da década de 1980, houve um avanço organizacional, consolidando o Estado brasileiro como um agente central na área da saúde, “possuindo um alto poder de regulação e de promoção das ações em saúde”. Esse processo resultou na implantação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que vem implantando um programa de melhoria do processo de regulamentação, publicando resoluções e nacionalizando normas, que visam regular a fabricação, comercialização e o armazenamento de produtos para a saúde. Paralelo à normatização agressiva houve, ainda de acordo com o autor, uma expansão da atividade produtiva no setor, ao mesmo tempo em que houve uma acentuada deterioração da competitividade da indústria nacional, resultante da fragilidade empresarial, “da abertura comercial e da entrada no processo de globalização em saúde”.

Em reportagem de 2013, a Folha noticiou que, depois de fechar 2012 com um aumento de 4,2%, o setor retomou seu ritmo de expansão em 2013, quando as vendas tiveram um avanço de 10,2%, segundo dados da Abimed. Ainda para esta associação, mesmo com um cenário de desaceleração econômica, a produção industrial de equipamentos e produtos médicos-hospitalares e odontológicos cresceu 4,1% no primeiro semestre de 2014. 

Carlos Goulart, presidente da Abimed, afirmou em entrevista para a Folha de São Paulo, em 05 de agosto de 2014, não estar preocupado com esta redução, pois os números e desempenho do mercado indicam que esta área está totalmente deslocada do PIB.Esta afirmação se justifica pelo crescimento do acesso a planos de saúde e ao envelhecimento da população, que geram uma demanda cada vez maior por produtos da saúde. Para os próximos anos, a Abimed acredita que haverá um aumento na produção, decorrente da transferência de tecnologia e do recuo da importação de produtos. A associação tem a previsão que o setor feche com alta de 7% a 8%.

Izaque Martins Rosa. Diretor Martec Med 
Ind. Eq. Médicos
Dentro do setor, as pequenas e médias empresas também esperam crescimento. De acordo com Izaque Martins Rosa, diretor da Martec Med e membro da APL da Saúde de Ribeirão Preto, um importante pólo da indústria de saúde no Brasil, "os novos mercados, a maior necessidade por saúde e planos de investimento do governo apresentam uma maior probabilidade de crescimento para 2015, em relação a 2014". Contudo, para ele a preocupação é com os "importados que entram no Brasil e as dificuldades e custos com as certificações junto à ANVISA, que muitas vezes deixam o pequeno empresário sem condições competitividade".



Referências
ANAHP. Vendas de equipamentos médicos devem crescer 10% em 2014. Disponível em: <http://anahp.com.br/noticias/vendas-de-equipamentos-m%C3%A9dicos-devem-crescer-10-em-2014>. Acesso em: 28 nov. 2014.
GADELHA, C. A. G. et al (2003) O complexo econômico-industrial da Saúde. Disponível em: <http://abresbrasil.org.br/sites/default/files/trabalho_26.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2014.
FOLHA DE SÃO PAULO. (27/09/2013) Setor de Equipamentos Médicos se recupera. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2013/09/1348109-setor-de-equipamentos-medicos-se-recupera.shtml>. Acesso em: 28 nov. 2014
____. (05.08.2014). Produção de Equipamentos Médicos tem alta de 4,1%. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/179207-producao-de-equipamentos-medicos-tem-alta-de-41.shtml>. Acesso em: 28 nov. 2014.




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